• Rua Capitão Bragança, 464 Santa Tereza - Belo Horizonte – MG
  • contato@residencialserenidade.com.br
  • (31) 92512-3840
22 de agosto de 2017
Categoria: Dicas

A sociabilidade estabelece o ser humano do início ao fim de sua vida. Relacionar-se com outras pessoas é uma obrigação constante para o bem-estar psíquico e também físico. A solidão adoece. O encontro enriquece. A vida em grupo permite crescimento, aponta oportunidades, conforta nos momentos difíceis. Mas nem sempre a convivência é simples.

Conviver é o desafio de encontrar harmonia nas relações, contrabalançando os planos compartilhados com visões de mundo diferenciados. Nesse exercício diário, momentos de alegria se alternam com pequenas discussões, que às vezes abalam o relacionamento com a família, com os amigos, com o companheiro ou companheira. Embora dos altos e baixos nas relações interpessoais, o ser humano necessita do contato com o outro para viver bem.

A construção desses laços sociais principia desde o nascimento, quando mãe e bebê estabelecem os primeiros vínculos. Depois, cada etapa vai compondo novas redes de relações: o ambiente escolar, as tribos da adolescência, os colegas da faculdade, o casal, os grupos de terceira idade.

Como conservar o bem-estar e a qualidade do cuidado ao idoso

O envelhecer é um processo natural que distingue uma etapa da vida do homem. O aumento do número de pessoas idosas tem sido ressalvado em Grupos de Terceira Idade, no ambiente familiar, nas grandes cidades, clubes e também nos locais que oferecem serviços de saúde (hospitais, prontos-socorros, centros de saúde, clínicas particulares e ambulatórios).

Mas a maior parte de nossas vidas, passamos no contexto da família. É no seio familiar que convivem os idosos saudáveis, com velhice bem-sucedida, velhice normal e também os idosos com algum tipo de fragilidade. O cuidado da saúde das pessoas idosas na maioria das vezes envolve companhia de amigos, familiares, serviço de um profissional, ajuda e apoio emocional e instrumental, circunstâncias em que surgem muitas dúvidas e dificuldades.

Os cuidados com idosos em casa, principalmente quanto esses se deparam mais dependentes, frequentemente ficam sob a responsabilidade do cônjuge, de filhas, noras, netas, e outras, as quais encaram situações complicadas.

O cuidador que irá oferecer assistência ao idoso, seja em casa, em instituições de longa permanência, casas de repouso ou hospitais, é uma pessoa que deve ter uma preparação para o cuidado com a pessoa idosa.

A palavra “cuidado” deriva do latim “cogitare”, que constitui imaginar, pensar, refletir, ter cuidado consigo mesmo e com sua saúde e sua aparência. Faz referência a atenção, proteção, preocupação, cautela, zelo, responsabilidade, atitudes e sentimentos que podem levar a uma relação entre as pessoas, isto é, a práticas e ações sociais, conduzida por representações simbólicas acerca da solidariedade.

O cuidado proporcionado à pessoa idosa no contexto da família é influenciado por muitos fatores, tais como valores, crenças, número de membros na família, recursos socioeconômicos, idade, gênero, educação. Desde o início do século passado, a sociedade tem passado por modificações em suas formas de organização. A relação entre o idoso e sua família é muito influenciada pelos modelos de família existentes na sociedade.

O processo de cuidar da pessoa idosa depende da integração das relações familiares da disponibilidade de tempo e recursos pessoais e externos e da história de relacionamento com o idoso. E a família moderna está cada vez mais restrita ao grupo conjugal e aos filhos, devido às novas formas de união conjugal, a opção de casamento sem filhos, filhos sem casamento, divórcio, experiência de vários casamentos, inserção da mulher no mercado de trabalho, etc. E essa configuração familiar atual tem impacto no cuidado das pessoas idosas. Veja também para os idosos, lutar contra o tédio é essencial para a qualidade de vida.

Famílias multigeracionais, por serem tradicionais, tendem a proteger e a respeitar mais seus idosos, principalmente quando esses mantêm o papel de chefe da casa, tendo assim mais autonomia, respeito e reconhecimento. Nos arranjos multigeracionais, os relacionamentos são intensos, pois as famílias são extensas, muitas vezes ainda o idoso consegue manter seu papel de conselheiro e são respeitados no grupo familiar.

A mudança significativa do papel da mulher na família refletiu na formação e em modificações nos papéis dos outros membros familiares. A mulher exercia papel central na família e atualmente ela administra outros papéis sociais, estabelecendo vínculos profissionais, de amizade e de lazer. As mudanças ocorridas na sociedade impossibilitam identificar um modelo ideal de família, sobretudo de cuidado com os membros. E essa carência de modelos estáveis de estrutura familiar gera insegurança, dúvidas e conflitos, tendo os idosos que se posicionar de maneira flexível na vida para se adaptarem às mudanças.

As mudanças na dinâmica familiar ao cuidar do idoso, especialmente fragilizado e condicionado podem ter efeitos positivos ou negativos para o cuidador e para o idoso que está recebendo cuidados, dependendo de como a família administra ou maneja as responsabilidades e de como enfrenta as dificuldades e situações de pressão relativas ao seu papel. Isso vai depender do estilo de vida, educação, expectativas sociais, crenças, experiências em cuidar de pessoas idosas, tomadas de decisões, capacidade de resolução de problemas práticos do dia-a-dia e situação econômica.

Qual situação da sua vida

É fundamental avaliar e compreender as relações entre o idoso e sua família, o afeto compartilhado, como está à relação do idoso com o cuidador e outros membros da família. Qual o grau de aceitação da doença? Que tipo de doença e como é seu curso e prognóstico? Quais são as perspectivas da família? Essas são umas questões que afetam diretamente o contexto familiar e a prática das tarefas relativas ao cuidado exercidas pelos cuidadores. Diferentes tipos de doenças e de graus de fragilidade ocasionam diferentes graus de dependência funcional ou mental, quer ocorrendo em conjunto ou isoladamente. A dependência física ou mental dos idosos acarreta forte carga de exigências para os familiares cuidadores.

Importância dos grupos de apoio ao cuidador familiar

Nos países desenvolvidos, ocorrem investimentos sociais para a construção e manutenção de redes de apoio a cuidadores familiares, que amenizem o estresse causado pela atividade do cuidado, orientando os cuidadores com relação às tarefas do cuidado e apoiando nas questões emocionais. Os grupos de apoio que fornecem ajuda instrumental, cognitiva (mental) e emocional a cuidadores e familiares favorecem o seu bem-estar e a qualidade do cuidado aos idosos.

No Brasil, as famílias se organizam informalmente criando estratégias para cuidar dos seus membros idosos. As próprias famílias buscam suporte social e emocional para poder enfrentar as dificuldades em relação ao cuidado.

A importância dos grupos de apoio aos cuidadores familiares tem sido bastante documentada na literatura gerontológica. E tem sido implantado em algumas cidades brasileiras para oferecer apoio principalmente para cuidadores de pacientes com doença de Alzheimer, seja em centros de saúde ou hospitais. Esses grupos podem oferecer ajuda nas tarefas do dia-a-dia, treinamentos e orientações práticas e apoio emocional para a família que vivencia uma situação de fragilidade, dependência e cuidado. Nos grupos de apoio, as famílias trocam experiências afetivas. Isso favorece o aprendizado, o crescimento pessoal, a solução de conflitos, a tomada de decisões, etc.

É importante ressaltar que nem sempre as famílias agindo isoladamente conseguem dar conta dos desafios gerados pelas circunstâncias do cuidado e, assim, seria ideal que pudessem contar com auxílio de profissionais especializados que as assessorassem na tarefa de cuidar, mirando a melhoria da qualidade do cuidado à pessoa idosa e ao bem-estar do cuidador.