É cada vez maior o número de adultos com 65 anos de idade ou mais no Brasil, e esse número cresce cada vez mais. O crescimento mais rápido aconteceu entre aqueles que possuíam 85 anos ou mais. Atualmente no Brasil, são 14,5 milhões de pessoas, 8,6% da população total do país, de acordo com o IBGE, baseado em um censo de 2000. O instituto considera idosas, pessoas que possuem 60 anos ou mais, mesmo limite de idade é considerado pela Organização Mundial da Saúde para os países em desenvolvimento.
Nutricionalmente, o bem-estar é um componente integral para o envelhecimento saudável. Pesquisas nutricionais realizadas nos últimos anos incluíram adultos com mais de 75 anos de idade. As deficiências sub-clínicas de energia, cálcio, vitamina B, vitamina B6, folato e zinco têm sido encontradas em determinados subgrupos de idosos. A baixa ingestão de energia ou anorexia do envelhecimento acaba prejudicando a habilidade de adultos maduros de suprir suas necessidades de muitos nutrientes essenciais. Um apetite fraco também aumenta o risco de subnutrição de proteína-energia e suas conseqüências para a saúde.
Por esse motivo, é necessário reconhecer certas necessidades nutricionais únicas dos idosos, que levam a recomendações separadas para nutrientes específicos para adultos de 51 a 70 anos e de mais de 70 anos. São novas recomendações feitas pelo governo, conhecidas como Referências de Ingestões Dietéticas, para cálcio e nutrientes relacionados e para vitaminas do Complexo B, que atualizam as recomendações anteriores desses nutrientes para os idosos.
Nutrientes essenciais
A vitamina D, o folato e a vitamina B12 são preocupações específicas para os idosos. Recomenda-se a ingestão de vitamina D, em 400 U.I ao dia, para pessoas de até 70 anos, sendo essa recomendação maior que o nível recomendado para adultos mais jovens que é de 200 U.I ao dia. Para adultos com mais de 70 anos, recomenda-se 600 U.I ao dia, ou seja três vezes o nível recomendado para pessoas de 51 até 70 anos. A maior ingestão de vitamina D nos níveis recomendados melhora significativamente a saúde dos ossos dos idosos.
Para adultos com 51 anos ou mais, recomenda-se consumir 400mg de folato ao dia, refletindo o aumento em até duas vezes das recomendações de 1989 de 200mg ao dia para homens e de 180 mg/dia para mulheres. Cerca de 10 a 30% dos idosos passam por uma redução em sua capacidade de absorver adequadamente a vitamina B12 dos alimentos. Por essa razão, as DRIs recomendadas para adultos de mais de 50 anos são para que consumam vitamina B12 sintética de alimentos fortificados ou suplementos de vitaminas que levem à ingestão recomendada de 2,4 mg de vitamina B12/dia. Adultos de 51 anos de idade ou mais são aconselhados a consumir 1.200 mg de cálcio/dia – um nível de ingestão que é 400 mg/dia maior do que a recomendação de 1989. Infelizmente, muitos adultos maduros consomem níveis de cálcio abaixo da recomendação. Vários estudos indicam que o aumento da ingestão de cálcio por idosos, junto a vitamina D ou sozinho, reduz a perda óssea relacionada à idade e os riscos de fraturas por osteoporose.
Fatores que influenciam as necessidades nutricionais em idosos
Existem várias pesquisas feitas com idosos que vivem sozinhos ou em casas de repouso, que informam sobre o status nutricional desses idosos. Porém, apenas ao final da década de 90, que as pesquisas importantes estudaram idosos com mais de 75 anos de idade, e apesar das deficiências nutricionais capazes de trazer riscos de vida serem raras em idoso, ingestões sub-clínicas de energia, cálcio, vitamina D, vitamina B6, folato e zinco foram estudadas, principalmente em determinados subgrupos como idosos de baixa renda ou incapacitados por algum motivo de saúde. A baixa ingestão de alimentos é um problema prevalente entre os idosos. A baixa ingestão de energia prejudica a capacidade individual de cumprir os requerimentos para nutrientes essenciais. Consequentemente, os profissionais de saúde devem estimular os idosos a consumir alimentos densos em nutrientes.
Se comparados com jovens adultos, os mais velhos possuem um risco maior de anorexia de envelhecimento ou redução da ingestão de alimentos. Mudanças relacionadas à idade na fome também se associam com um esvaziamento gástrico prolongado e a regulação da ingestão de alimentos feita por hormônios e neurotransmissores. A anorexia do envelhecimento, aumenta os riscos de subnutrição de proteína e energia, essa subnutrição pode contribuir diretamente para deficiências imunológicas, anemia, quedas, déficits cognitivos, osteopenia, que é a redução da densidade óssea, metabolismo de drogas alterado, sarcopenia que é a perda excessiva de massa muscular e permanência prolongada em hospitais. Pesquisadores também relacionam a perda de peso entre idosos como a maior taxa de mortalidade.
Uma variedade de fatores – social, fisiológico e médico – contribui para a perda de peso e/ou deficiências nutricionais em alguns idosos. A pobreza é uma importante causa social de insegurança alimentar e perda de peso. Entre 8 e 16% dos idosos apresentam insegurança alimentar em um período de seis meses. O isolamento social, falta de conhecimentos básicos de nutrição e, para idosos em instituições, a monotonia dos alimentos servidos são outros fatores sociais que contribuem para a perda de peso. A depressão é um importante fator fisiológico que contribui para a perda de peso em idosos. Luto, demência, alcoolismo, anorexia nervosa e medo de colesterol são fatores fisiológicos adicionais que contribuem para a perda de peso em idosos. Doenças crônicas, uso múltiplo e/ou crônico de medicação, problemas na boca ou para engolir, má absorção e intervenções cirúrgicas são algumas das causas médias de perda de peso e/ou status nutricional sub-ótimo em idosos. Comparado com adultos mais jovens com adultos de 65 anos de idade ou mais (80%) têm uma ou mais doenças crônicas. Drogas específicas causam perda de peso por redução de apetite, causando má absorção e aumentando o metabolismo. As interações do medicamento com os nutrientes também podem contribuir para as deficiências nutricionais em adultos.
Mudanças fisiológicas relacionadas à idade, como o declínio do sentido do paladar e o olfato podem afetar adversamente a ingestão e a seleção de alimentos. As mudanças relacionadas à idade na composição corpórea e função fisiológica podem influenciar os requerimentos dos idosos. Por exemplo, a redução da massa muscular pode reduzir as necessidades de energia; a menor densidade pode aumentar os requerimentos de cálcio e vitamina D; a menor síntese cutânea de vitamina D pode aumentar a necessidade do corpo por essa vitamina; e o declínio na absorção intestinal de cálcio pode aumentar a necessidade desse mineral. Algumas mudanças fisiológicas relacionadas à idade podem ser minimizadas através de mudanças no estilo de vida. Por exemplo, atividade física moderada regular, incluindo exercícios aeróbicos e de musculação podem reduzir as mudanças de composição corporal relacionadas à idade preservando o tecido magro do corpo e utilizando gordura. Como resultado, os requerimentos de energia e a ingestão de alimentos aumentam, o que facilita para os idosos suprirem suas necessidades de outros nutrientes essenciais.